Entre a tradição e a traição

“Da mesma forma que a tradição precisa da traição, que a preservação precisa da evolução, que o certo de hoje dependeu do erro de ontem, o contrário também é verdadeiro. Porque a evolução só é possível quando existe uma manifestação para ser contestada, aviltada.”

 – Nilton Bonder

 

Mais ainda sobre a “Alma Imoral”… Que interessante a gente poder revisitar essa palavra tão maldita e mal dita: a traição!

Na concepção de “A Alma Imoral”, de Nilton Bonder, ficam vivas duas palavras: traição e tradição. Somos seres capazes de questionar o que nos disseram que era certo e errado, de trair a tradição, de buscar o novo. Somos imorais. E ainda bem.

A imoralidade aqui vai ser entendida como uma espécie de inconformismo com os hábitos e costumes vigentes. É dificuldade de adaptação, estranhamento.

Do nosso incômodo, do nosso sentimento de ser “inadequado”, do nosso lado atípico que tanto combatemos, advém nossa capacidade de refletir e de propor uma nova visão do que é o certo e o errado, tornando-nos, assim, sujeitos pensantes e criativos.

Aliás, a peça está de volta em São Paulo no Teatro UOL. As palavras ditas por Clarice Niskier continuam na minha cabeça 10 anos depois da primeira vez que fui à peça. 

Um abraço a todos. G.

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